sexta-feira, 20 de julho de 2012

Inocência


Nascemos como seres puros, não conhecemos a maldade, a hipocrisia, a mentira quando nascemos. Não temos noção do correcto ou do errado, do bom e do mau, porque na nossa mente pura não existe maldade. O que mais admiro nas crianças é a sua honestidade e inocência. Admiro a honestidade em responder às perguntas que lhes fazemos, em como nos dão uma resposta pronta e sincera. Sempre ouvi dizer que a verdade sai da boca das crianças. Infelizmente já não é tão verdade assim, hoje em dia as crianças já não são tão honestas e inocentes, mas será que já pensamos no porquê? 

Lembra-se, por exemplo, daquelas brincadeiras que fazia com os miúdos de chamar nomes engraçados a outras pessoas e de que tanto se ria? Achamos que se tratam de meras brincadeiras e a criança também não vê maldade nisso, mas aprende o que lhe ensinam, e uma criança não tem noção se é correcto ou errado. Faz porque lhe ensinaram a fazer. Lembremo-nos disso da próxima vez que pensarmos numa brincadeira estúpida com uma criança por nenhum outro motivo além de acharmos que é engraçado. Lembremo-nos do que na realidade de estamos a transmitir. 

“O que se faz agora com as crianças é o que elas farão depois com a sociedade.” – Karl Mannheim 

Não podemos julgar a geração de hoje como sendo os culpados. Somos o resultado dos ensinamentos que nos transmitiram em palavras mas essencialmente em atitudes, boas e más, porque estamos sempre a aprender, e enquanto crianças não temos noção do certo e do errado. Vamos aprendendo coisas boas e coisas más, só mais tarde ganhamos noção do que efectivamente é correcto ou errado, mas o modo como aprendemos a filtrar essas coisas é influenciado pela maneira como somos educados. Por exemplo, uma criança que viva num ambiente em que os pais discutem e se agridem frequentemente não tem noção de que esse ambiente não é normal e que é incorrecto, para a criança é o normal. Uma criança que seja criada por pais que ao passar na rua virem a cara e desprezem outras pessoas por serem de classe inferior cresce a julgar esta atitude normal. 

“A única coisa de valor que podemos dar às crianças é o que somos, e não o que temos.” - Leo Buscaglia 

Não se pode filtrar o que o filho aprende connosco só porque achamos que deve ser assim, não é pensar que ele aprende apenas o que acha que ele deve aprender. O ser humano está em constante aprendizagem, principalmente na infância, nessa altura e a julgar pela nossa falta de bom senso, característica que ainda não soubemos adquirir, aprendemos muitas coisas menos boas e más. Mas a culpa não é das crianças, é das pessoas que lhes transmitem esses ensinamentos. Não podemos achar que as crianças aprendem só com o que lhes dizemos para aprender. A aprendizagem é muito mais conseguida através de atitudes do que através de palavras. Por isso devemos agir de acordo com o que lhe queremos ensinar. De que adianta dizer ao seu filho que deve ajudar os colegas e não discriminar se na realidade as suas atitudes demonstram o contrário? Está a contrair o que ensinamento que lhe quer transmitir. O carácter de uma pessoa é construído na infância, os valores que o/a vão tornar um dia homem/mulher. 

Somos o resultado dos ensinamentos que nos transmitiram, não só em palavras mas essencialmente em atitudes. Os nossos filhos serão o resultado do que lhes ensinarmos, queremos um melhor futuro? Eduquemos os nossos filhos nesse sentido. 

“Educai as crianças, para que não seja necessário punir os adultos.” - Pitágoras 

A aprendizagem é um processo contínuo, consciente e inconsciente. Nem sempre nos recordamos de onde aprendemos algo mas esse ensinamento foi-nos transmitido directa ou indirectamente. Todos nascemos honestos e inocentes, é a interacção com outras pessoas que nos torna diferentes.

http://smbalmeida.webnode.pt/news/inocencia/

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